Elyra Turms
Prólogo
Há algo curioso sobre o ato de levar palavras de um lugar a outro. A mensagem é sempre vista como um objeto, um pedaço de papel ou um simples som. Mas, em sua essência, a mensagem é apenas um vínculo. Um elo entre quem envia e quem recebe. Nada mais. Ou talvez tudo mais.
A mensageira é, então, apenas a ponte. Nada mais. Mas, ao mesmo tempo, a ponte carrega o peso de tudo o que está do outro lado. A mensagem não tem poder sem quem a transporta, e quem a transporta não tem poder sem o que carrega. É uma dança, quase sempre silenciosa. A mensagem precisa ser fiel à sua origem, mas ao mesmo tempo se transforma em algo novo quando encontra seu destino. A verdade de quem a envia e a interpretação de quem a recebe são sempre distintas. Por mais que a mensagem tenha a intenção de ser clara, ela se desvia, muda de forma, ganha camadas.
Talvez a parte mais difícil de ser uma mensageira não seja o perigo das viagens, os obstáculos ou as sombras nas florestas. Talvez o mais desafiador seja o silêncio. O peso do que não é dito. O que se espera que aconteça quando a mensagem chega. O que é feito com o que ela carrega.
Mas a maior ironia de todas, claro, é que a mensagem nunca é realmente sua. A mensagem não é quem a carrega, nem quem a recebe. Ela é apenas o que une os dois. E, ainda assim, é isso que nos define. Talvez isso explique por que tantos procuram as palavras certas para serem ditas. Porque, no fim, elas não pertencem a ninguém. E, paradoxalmente, pertencem a todos.
E o mensageiro? O que restará de quem transporta o recado? Talvez a missão de ser mensageiro seja também a de nunca ser lembrado. Uma sombra, um meio, uma função.
Tudo isso, apenas para que a mensagem encontre seu destino, seja ela grande ou pequena, importante ou insignificante.
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