Background

Nos registros diários da guarda de um castelo, haviam as seguintes inscrições sobre uma fatídica semana que mudou a vida de alguém:

"... Mas o menino era burro. Enfrentava dificuldades intelectuais que o impediam de aprender a ler e escrever, mas sua genialidade musical o destacou. Tocava como se os instrumentos fossem extensões de sua alma, e seu talento chamou a atenção do renomado mestre Khawid Khasmiri, um músico reverenciado pelas cortes dos reis e nobres do deserto. Admirado pelo potencial de Shar, Khawid o levou como aprendiz, oferecendo-lhe um vislumbre da grandeza das cortes."

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".... Lianora, uma jovem princesa de espírito livre que se sentia sufocada pelas formalidades da vida na corte. Os dois desenvolveram uma conexão especial e oculta; enquanto Shar usava sua música para expressar emoções que não conseguia repassar para o papel (como fazia com maestria o seu tutor), Lianora compartilhava com ele sonhos de liberdade e aventuras fora das muralhas do palácio..."

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"... interpretaram os encontros como inadequados e potencialmente perigosos para a reputação da princesa. Um dia, durante uma apresentação, Shar decidiu compor e tocar uma melodia que havia criado em segredo para Lianora, sem perceber que sua música revelava, de forma limpa e clara, suas intenções com a filha do Rei"

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"... Toda a alta corte viu isso como uma afronta: um camponês iletrado ousando dedicar uma peça autoral à princesa em um evento como aquele - na frente de toda a nobreza - era um escândalo. Pior ainda, os nobres rivais do mestre Khawid aproveitaram o incidente para acusá-lo de ser negligente com seus aprendizes e exigiram uma retratação oficial..."

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"...uma humilhação pública devastadora. Khawid, temendo pela própria posição e ressentido com Shar por arruinar sua reputação, o expulsou com duras palavras, negando seu talento e cortando todos os laços, humilhando-o perante a todos os presentes com agressões físicas, desnudando seu corpo e quebrando o alaúde do jovem ao som de gargalhadas que trovoavam por todo o palco, gritando com toda a força que aquele rapaz não passava de um campones burro que foi ensinado a fazer dois ou três acordes, que não era um músico, que não servia como músico e que jamais serviria..."

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"... saiu pelos fundos do teatro, com suas roupas rasgadas e um semblante de total humilhação. Alguns meistres dizem que da base do palco, em um camarim elevado, era possível observar a princesa a chorar de rir de todo o ato".